Burocracia afeta o funcionamento das empresas brasileiras

burocracia é um problema conhecido do brasileiro. A palavra vem do francês ‘bureau’ (escritório) + o grego ‘kratos’ (regra). É o excesso de procedimentos para se obter algo. Uma espécie de doença dos órgãos administrativos, que faz muitos estragos sobre os negócios.

Para o consultor de negócios, Haroldo Matsumoto, a burocracia roupa tempo, energia, dinheiro e competitividade do empresário: “A gente diz que todo esse esforço não agrega valor. Agrega custos”.

O Brasil é recordista mundial em tempo gasto pelas empresas para pagar impostos. E é obrigado por lei a usar espaços para guardar milhões de folhas de papel todos os meses. A burocracia rouba espaço e eficiência das empresas.

A burocracia também rouba eficiência das empresas. “O empresário é pressionado por todos os lados. Segundo o Banco Mundial, o empresário brasileiro gasta 1958 horas por ano só para cuidar disso. Podia usar essa energia pro negócio? Sim, para inovar, trazer mais clientes e para cuidar da equipe”, afirma Matsumoto.

Uma multinacional encontrou na burocracia brasileira terreno fértil para prosperar. Ela é especializada em gestão de documentos. Enquanto a matriz norte-americana cresce 2% ao ano, a filial brasileira cresce mais de 20%. “A gente faz muito processo aqui para bancos. Um processo desses pra gente vem com 125 páginas. Nos EUA, vem com duas páginas, muito mais eficiente do que aqui”, relata Inon Neves, vice-presidente da empresa para América Latina.

Inon arrisca um palpite para essa cultura burocrática brasileira: “Boa parte da burocracia vem da precaução por questão da fraude. A gente tem muita fraude aqui. Acaba tendo pela precaução uma análise mais detalhada”.

A burocracia também derruba investimentos, empregos e a competitividade das empresas. O último relatório do Banco Mundial coloca o país na posição 125 em ambiente para negócios em todo o mundo, atrás de países como Argentina e Paraguai. E quem mais sofre são os pequenos empresários.

Em um salão de beleza de São Paulo, por exemplo, dificilmente se encontra o dono no local onde ele gostaria de estar: atendendo clientes e cortando cabelos. Com três salões de beleza e 42 funcionários, Gerson Reis passa a maior parte do dia atrás de papéis. “Eu amo cabelo, sou apaixonado, foi aí que eu comecei. Mas para que eu continue crescendo, eu tenho que abrir mão de cuidar das nossas clientes para cuidar da burocracia, para cuidar da nossa papelada”, lamenta.

Já o empresário Isaías de Oliveira é dono de uma rede de sorveterias com lojas no Brasil e nos Estados Unidos. Ele diz que lá fora os processos para abrir uma empresa são mais rígidos e demorados. Mas depois que o negócio começa a funcionar, há menos burocracia e menos impostos.

Nos últimos anos, o Brasil criou o Simples, o imposto único para empresas com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões e o dobro disso para quem exporta. Mas, com as mudanças aplicadas este ano, até uma lei feita para facilitar a vida do empreendedor não perde a chance de complicar. Antes, o empresário pegava faturamento e via a alíquota. Agora, tem que aplicar fórmula matemática para chegar a alíquota efetiva.

Fonte: G1

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