Chorou no trabalho? Dê a volta por cima.
Chorar, claro, não é o cenário ideal para ninguém. Causa vergonha, pode ser visto como um sinal de fraqueza ou imaturidade do profissional.
No entanto, pode acontecer com qualquer um, da mesma forma que a vida acontece: a demissão de um colega querido, um projeto que não foi valorizado, assédio moral, problemas familiares, doenças ou até a morte.
Somos apenas humanos, como lembra Loraine Muller, professora do MBA em Liderança, Inovação e Gestão 3.0 da PUC-RS, que defende que as lágrimas não são o problema, mas uma manifestação natural de certos sentimentos. “Ninguém evita sentir. O problema é não conseguir lidar com o sentimento de forma adequada após uma criseâ€.
Para o professora, o profissional deve tentar colocar suas emoções a serviço de uma meta, o que pede que ele esteja em boa sintonia com elas para encontrar motivação e soluções mais produtivas e saudáveis.
O primeiro passo é saber diferenciar a origem do sentimento que levou ao choro. Segundo Eduardo Shinyashiki, especialista em desenvolvimento humano e neurocoaching, a tristeza é vinculada a sentimentos mais diretos e autênticos, como dor, perda e sofrimento, mas também pode disfarçar outras emoções, como a raiva ou medo.
“No ambiente de trabalho, uma emoção autêntica fortalece o sentimento de empatia e compaixão do profissional e, assim, o seu valor na equipe. Quando temos que nos despedir de um chefe ou colega muito querido e choramos, isso mostra que nos importamosâ€, explica ele.
Por outro lado, quando as emoções são mal gerenciadas, o choro se torna ruim para a imagem do profissional. Ele pode parecer estar sempre de mal com a vida e infeliz, sem tomar uma atitude sobre seu sofrimento. “A pessoa fica muito presa a emoções não manifestadas e não toma a ação certa para lidar diretamente com elasâ€.
Seja pedir por um tempo para lidar com uma situação familiar ou fazer uma reclamação ao seu chefe, é importante tomar uma ação correspondente ao seu sentimento.
Os dois especialistas reforçam que não é possÃvel dissociar os sentimentos pessoais do profissional que vai todos os dias ao escritório. O que ficar não resolvido de um lado da vida, alguma hora interferirá no outro.
Chorei, e agora?
Se é comum as emoções saÃrem fora do controle durante o expediente, o profissional precisa buscar mecanismos para geri-las melhor. Para Loraine, o autoconhecimento é essencial e ajuda a se preparar para as reações que temos a situações desafiadoras.
“Quanto mais eu conheço minhas emoções, melhor consigo fazer meu contrato psicológico de trabalho, me submeto menos a situações estressantes e tenho maturidade nas minha reaçõesâ€, fala a professora.
Os meios para isso, segundo ela, são variados e dependem do que funciona melhor para cada indivÃduo. Desde um curso de teatro para sair da zona do conforto ou livros sobre inteligência emocional, a procura de uma ajuda externa na forma de terapia, coaching ou mentoria. O que vale é investir em se conhecer.
O descontrole emocional pode ser um sinal de que é preciso rever sua estratégia pessoal. Segundo Shinyashiki, para ter uma visão clara do seu potencial e buscar soluções na carreira, o profissional deve trabalhar a autoconfiança e a autoestima.
Frequentemente, somos nossos maiores crÃticos e isso pode estagnar nosso desenvolvimento pessoal. “Somos mestres em três coisas: omitir, generalizar e distorcerâ€, comenta o especialista. Assim, experiências positivas são esquecidas e ficamos só com as impressões negativas sobre nós. É de chorar mesmo.
Ele recomenda um exercÃcio para treinar nosso cérebro a seguir um caminho de pensamentos mais positivos. No lugar de preocupações e previsões de resultados ruins, reforçar o que é positivo antes, durante e depois de realizar uma tarefa.
Segundo Eduardo, o nadador olÃmpico americano Michael Phelps faz isso desde o começo da carreira: “Penso que vou dar uma boa entrevista hoje, depois que estou fazendo uma entrevista ótima e no final que a entrevista foi um sucesso. É uma forma simples de informar meu cérebro a satisfação do que estou realizandoâ€.
No lugar da autocrÃtica, ele pede que as pessoas se perguntem mais sobre suas necessidades. “No lugar da cobrança, dar um tempo para se ouvir maisâ€.
Com esse trabalho das competências intrapessoais, é possÃvel se tornar um profissional mais maduro e resiliente, que busca soluções e lida com as emoções eficientemente. “Todo problema traz consigo a semente da solução. Podemos começar uma revolução positiva ou negativa, buscando uma solução ou resistindo ao fazer o que precisa ser feitoâ€, diz Eduardo.
Fonte: exame abril
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